A equipa técnica do Fundo Monetário Internacional destacou a dinâmica robusta de crescimento económico de Cabo Verde e anunciou novos acordos ao nível técnico sobre a sétima avaliação do programa ao abrigo da Linha de Crédito Alargada (ECF) e a terceira e quarta avaliações ao abrigo do Instrumento de Resiliência e Sustentabilidade (RSF).

Esta apreciação favorável foi feita, nesta terça-feira, 4 de novembro, pelo Chefe da Missão do FMI para Cabo Verde, Martin Schindler, em conferência de imprensa de balanço da missão do FMI, que decorreu de 22 de outubro a 4 de novembro, visando avaliar o progresso das reformas estruturais em curso, analisar a execução orçamental e discutir as principais medidas de política económica e fiscal previstas para o próximo ciclo.

Martin Schindler anunciou que a equipa do FMI e as autoridades cabo-verdianas chegaram a acordos ao nível técnico sobre a sétima avaliação do programa ao abrigo da Linha de Crédito Alargada (ECF) e a terceira e quarta avaliações ao abrigo do Instrumento de Resiliência e Sustentabilidade (RSF).

“Após a aprovação pelo Conselho Executivo do FMI, a conclusão da sétima avaliação do ECF permitirá o desembolso de 2,37 milhões de DSE (aproximadamente 3,23 milhões de dólares), enquanto a conclusão da terceira e quarta avaliações do RSF dará lugar ao pagamento de 7,896 milhões de DSE (aproximadamente 10,75 milhões de dólares), sujeito aos avanços alcançados relativamente às reformas no âmbito do RSF”, afirmou o Chefe da Missão do FMI para Cabo Verde.

O responsável sublinhou que a dinâmica robusta de crescimento económico de Cabo Verde em 2024 se mantém em 2025, sustentada pelo turismo, pelo bom desempenho das exportações e pelo crescimento do consumo privado.

“A economia, em 2024, registou um crescimento forte de 7,3%, com uma inflação de 1,0% e um excedente da balança corrente. O saldo orçamental primário de 2024 excedeu os objetivos do programa devido à redução das despesas primárias e ao forte crescimento das receitas fiscais. O rácio da dívida pública em relação ao PIB continua a diminuir”, realçou.

As perspetivas económicas de Cabo Verde, de acordo com o FMI, permanecem favoráveis, com a economia a crescer 6,2% no segundo trimestre de 2025, refletindo o forte crescimento do turismo. O PIB deverá aumentar 5,2% em 2025, enquanto a inflação converge para 2%, alinhada com a zona euro.

Por sua vez, o Diretor Executivo do FMI para Cabo Verde, André Roncaglia, elogiou o trabalho exemplar que o país vem realizando ao garantir um horizonte de planeamento para a atividade económica e para os investimentos, uma conquista que, segundo o próprio, não deve ser diminuída nem desmerecida, mas sim celebrada.

“Num contexto em que o mundo inteiro está a aumentar as suas dívidas e enfrenta dificuldades fiscais, em que grande parte dos países ricos tem dificuldades em viver dentro dos seus próprios meios, Cabo Verde dá uma demonstração exemplar de uma sociedade estável, com inflação controlada, taxa de juro baixa, superavit fiscal e uma dívida em queda. É uma trajetória importante a destacar num contexto em que esses riscos internacionais crescem”, sublinhou.

Na ocasião, o Vice-Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças, Olavo Correia, afiançou que Cabo Verde tem cumprido todos os critérios, sejam eles quantitativos ou qualitativos, considerando que, nesse aspeto, o desempenho do país é muito bom e que o quadro económico é também muito positivo.

“Temos desafios a enfrentar e estamos a procurá-los resolver ao nível das conectividades e mobilidades, do setor energético, do combate à burocracia e da diversificação da economia, para criarmos mais empregos e continuarmos a trajetória de redução da taxa de desemprego em Cabo Verde que, embora já registe níveis historicamente baixos, deve continuar a diminuir, acompanhando a aceleração do crescimento económico”, afirmou Olavo Correia.

O governante concluiu afirmando que o Governo tem plena noção dos riscos e que continuará a trabalhar para os mitigar, implementando as reformas necessárias para que Cabo Verde possa duplicar o seu potencial de crescimento económico.