O Conselho Nacional de Estatística (CNEST), enquanto órgão do Estado responsável pela coordenação estratégica do Sistema Estatístico Nacional (SEN), promoveu, nos dias 24 e 25 de abril de 2025, na cidade da Praia, uma Conferência Internacional sob o tema “Construindo o Futuro Digital: Desafios e Oportunidades para a Primeira Estratégia Nacional de Dados em Cabo Verde, na Era da Inteligência Artificial”.

A sessão de abertura oficial do evento foi presidida pelo Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, Lourenço Lopes, em representação do Governo, e contou com as intervenções do Presidente do Conselho Nacional de Estatística, Carlos Mendes, da Coordenadora Residente do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde, Patrícia Portela, do Administrador do Banco de Cabo Verde, Elias Pereira, e do Oficial de País do Banco Mundial, José Pinto.

Na sua intervenção, o Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro considerou que este é um momento oportuno para refletir sobre a Estratégia Nacional de Dados na Era da Inteligência Artificial, no contexto da transformação digital. Acrescentou que o bom ou mau uso dos dados poderá influenciar o futuro de Cabo Verde e do mundo, especialmente no âmbito da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

“É nosso modesto entendimento que a mudança climática, a saúde, a educação, a segurança alimentar, a pobreza ou a justiça social não podem ser enfrentadas com base em decisões arbitrárias ou sem evidências. Precisamos de dados precisos, acessíveis e, sobretudo, de dados que reflitam a realidade das populações mais vulneráveis. Estes dados devem ser inclusivos, representativos e partilhados de forma democrática, pois só assim garantiremos que 'ninguém fique para trás'”, destacou.

Lourenço Lopes afirmou ainda que Cabo Verde tem demonstrado resiliência e inovação ao enfrentar desafios globais, evidenciando um forte compromisso com a transformação digital e procurando posicionar-se como uma Nação Digital, onde a tecnologia impulsiona o desenvolvimento económico, social e cultural.

“A Estratégia Nacional de Dados é um passo crucial nessa direção. Representa o compromisso em aproveitar, de forma responsável e sustentável, o poder dos dados para melhorar a vida de todos os cabo-verdianos, fortalecer a nossa economia, modernizar a administração pública e promover uma sociedade mais justa e inclusiva”, concluiu.

Por sua vez, o Presidente do Conselho Nacional de Estatística afirmou que a estratégia a ser desenvolvida deverá ter em conta problemas existentes relacionados com o acesso e a partilha de dados, referindo que, atualmente, muitos dados estão fragmentados. Assim, a estratégia poderá definir, no seu regulamento, a forma como as entidades serão responsabilizadas pela disponibilização de dados oportunos, atempados e que respondam às necessidades dos utilizadores.

“Nós temos consciência de que os dados são um bem público e, a nível internacional, existe igualmente a narrativa de que o acesso aos dados deve ser fácil e democratizado. Neste sentido, acreditamos que esta estratégia, cujo envolvimento interinstitucional é de extrema importância, permitirá ao país elaborar um plano nacional para potenciar os dados, alinhado à iniciativa global das Nações Unidas. Com esta estratégia, poderemos, de facto, unir esforços para que todas as entidades beneficiem da Estratégia Nacional de Dados”, sublinhou.

O evento reuniu decisores políticos, gestores públicos, especialistas em tecnologia e representantes de diversos setores, com o objetivo de discutir e sensibilizar os intervenientes e decisores do ecossistema de dados em Cabo Verde quanto à importância da preparação e implementação da primeira Estratégia Nacional de Dados (END).

Refletiu-se, ainda, sobre os desafios e oportunidades no domínio dos dados em Cabo Verde e no desenvolvimento da economia baseada em dados, assim como sobre a identificação das melhores práticas para promover um uso eficiente e ético dos dados para o desenvolvimento social, económico e tecnológico, entre outros objetivos.